E lá se vão 45 anos desde que Caetano cravou na letra de “Sampa”:
“Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas…”
Aos 469 anos completos hoje, Sampa continua sendo um grande contraste entre o povo oprimido nas favelas e a grana que ergue e destrói coisas belas. Dentre elas, a própria Sampa…
Sempre lembrada como a maior cidade do Brasil, uma das maiores do mundo, e lugar de gente trabalhadora, a verdade é que Sampa é o retrato da mais absoluta desigualdade.
O caminho de casa ao escritório, de pouco mais de 6km que, após o home office, já não faço mais todos os dias, insiste em lembrar como Sampa é a morada dos excluídos.
O amor que o paulistano tem por Sampa - e eu sou um deles - tem convivido, cada vez mais, com o profundo pesar de termos nos tornado tão frios e insensíveis.
Muitos dizem que, em Sampa, não há tempo para ser sensível. Afinal, aqui é a terra do trabalho, das oportunidades e de quem tem “espírito vencedor”.
Recuso-me a acreditar nisso.
Podemos ser melhores que isso e Sampa também pode. Afinal, nós somos ela, e ela sempre será o avesso do avesso do avesso.
Parabéns, Sampa!
Eduardo Pires
Imagem acervo Google